setembro 27, 2006

Em ruínas

Há um prédio semi-construído mesmo em frente ao meu. A construção parou porque a Câmara de Lisboa de repente se lembrou que não podia haver prédio nenhum ali, uma vez que passa por aquele sítio uma linha de água. O prédio em questão está em esqueleto, mas já numa fase bastante avançada. À frente, tapumes bloqueiam a vista de quem passa na rua.

O meu terraço fica ao nível do segundo andar desse prédio, com vista previligiada para o que por lá se passa. Sacos-cama pelo chão, corda da roupa com toalhas estendidas, muita gente a passar de um lado para o outro, seringas e cascas de limão, lixo, muito lixo, gente a viver em condições degradantes. Isto numa zona central de Benfica, de imenso movimento, com prédios novos em frente, a polícia sempre a rondar. Não posso ir ao terraço sem ver toda a movimentação de uma sala de chuto. E sem me verem de lá.

Não consigo perceber porque não faz a Câmara alguma coisa acerca da situação, já que não pode haver um prédio ali, seria de esperar que o deitassem abaixo e fizessem um jardim, afinal os espaços verdes na cidade não só não abundam como são alvo de constante promessa eleitoral.

Mas por enquanto, eu ofereço-me para prestar um serviço público de interesse à comunidade: quem tenha filhos e os queira educar mesmo a sério acerca dos riscos e malefícios das drogas pesadas, faça favor de mandar e-mail para visitas de estudo aqui a casa. Garanto que as crianças não se hão-de esquecer nunca.

setembro 26, 2006

¿Qué he hecho yo para merecer esto?

Conversa entre dois colegas meus do trabalho:

Então e o último Almodóvar?

Ah, desculpa, mas não tenho muito conhecimento sobre cinema português...

Pois, pois não...nem de cinema espanhol, atrevo-me a dizer...e até começo a duvidar do conhecimento sobre o cinema mundial...

setembro 20, 2006

De branco e flor-de-laranjeira

No Sábado vou a um casamento. Não vou a um há anos, não sei bem o que esperar, apesar de toda a gente me dizer que é sempre a mesma coisa. Do último a que fui, só me lembro de passar horas à espera de tudo: à espera da noiva, à espera que a missa acabasse, à espera na fila interminável para tirar fotos sozinha, com a minha mãe, com a noiva, com o noivo, com os dois, com os pais da noiva, do noivo, com todos os convidados, em todas as combinações possíveis e imaginárias, à espera da comida, à espera do bailarico, à espera de me ir embora. Se são mesmo todos iguais, estou a ver a coisa mal parada.

Mas bem, também é verdade que devo concerteza conhecer mais pessoas de entre os convidados, e é o primeiro a que vou cujos noivos são da minha idade. Claro que já ouvi os primeiros "então e tu, como vai essa vida, que idade é que já tens afinal, quando é que casas?"... mas vou bem preparada para os restantes: de vestido vermelho.

Marketing

Eu que sou a consumidora-mor, que pelo menos uma vez por semana tenho que fazer a minha comprinha terapêutica (isto agora anda pior, anda às duas e três vezes por semana) até me comporto muito bem nas promoções e nas campanhas que as lojas fazem.

Nos saldos sou sempre uma compradora desconfiada e, pior ainda, é raro encontrar uma coisa decente (odeio outlets, uma pessoa passa horas e horas a remexer em roupa que parece morta e raramente encontra algo que valha a pena - ou é feio, ou continua caro).

Mas há uma pessoa que me acompanha que fica maluquinho com essas coisas, especialmente aquelas em que a pessoa compra x e recebe um vale de compras de valor y. Eu juro que ele até inventa coisas para comprar especialmente nessas alturas.

Resultado: eu que até nem preciso muito de pretextos para comprar, ontem acabei por gastar €30 para ganhar dois vales de €5...já sei, é melhor que nada, acontece que uma das coisas (de €6,90) foi mesmo comprada de propósito para ter outro vale...o marketing consome-o (e eu, como sou consumista, vou na conversa!).

setembro 18, 2006

Ai iPod, iPod... #2

O meu IPod é muito doméstico, o coitadinho raramente sai para passear. Mas houve um dia em que eu tive de andar de autocarro (coisa que já não fazia há muitos anos, porque eu sou muito burguesa) e decidi que tinha que pôr o IPod a render (ainda ele era uma presença muito recente na minha vida).

Entro no autocarro, consigo um lugar sentada e preparo-me para fazer uma viagem musical pelos seventies, começando por Blondie. Tudo para descobrir que a barulheira dentro do autocarro era tal que eu ouvia tudo menos a Debbie Harris que queria deseperadamente que alguém lhe telefonasse a qualquer hora do dia.

E eis que se me depara um problema: não sei aumentar o volume (é que em casa, basta tocar no + ou no - do Hifi...e aqui não havia + ou - visíveis que me safassem). Claro que eu haveria de descobrir rapidamente o problema, e saco-o da mala.

E foi aqui que tudo se complicou. Subitamente, percebo que estou no meio de um autocarro que vai para um subúrbio e que eu moro perto (bem, quase dentro) de um bairro difícil. E começo a ver o pessoal que me rodeia. E entro numa paranóia quase histérica de "ai meu Deus que eles viram o IPod e agora vão-me roubar, eu vou sair na paragem e eles vão atrás de mim e depois assaltam-me e depois eu fico sem IPod e foi uma prenda de anos e lá vão €300 euros pó raio que parta ai e agora já me estou a ver a entrar no café da esquina aos gritos que fui assaltada ai vai ser agora vai ser mesmo aqui dentro do autocarro" e já só tive tempo de o voltar a meter na mala e fazer um ar completamente despercebido de "o quê? Um IPod eu? Não, foi impressão vossa, era um telecomado que eu levei para arranjar" e já nem consegui aumentar o volume da coisa.

E claro que não fui assaltada. E claro que assim que cheguei a casa e tranquei tudo a sete chaves (just in case) descobri em meio segundo como é que se aumentava o volume da coisa. E escusado será dizer que a partir desse daí nem eu voltei a andar de autocarro nem o IPod voltou a sair de casa.

setembro 17, 2006

Ai iPod, iPod...

Tenho um iPod. É lindo, branquinho, super fashion e tal, mas está-me a dar cabo do juízo. Isto porque a paciência para organizar tags em todos os mp3 não chega, e porque começo a recordar demasiadas vezes o tempo em que coleccionava cromos e sabia de cor os que já tinha, os que não tinha, quantos repetidos prá troca. Ainda não magiquei afinal como me organizar no meio da library do iTunes, começo a não conseguir encontrar o que vou adicionando, sei lá o que já está no iPod, mas isto é da Apple, porque é que não se lembraram de introduzir o sistema de highlighting do mac nesta coisa, tanto jeitinho que me dava, assim era só marcar e já tá. Mas nãaaaaao. Adicione-se a isso os CD's de mp3 que me vão dando, que nem têm tags, só nome de músicas divididas por pastas de albúns, muita coisa que eu nem nunca ouvi... ARGH.

Isto está-me a fritar a mioleira. E não, iPod, não és mais teimoso do que eu. Humpft. Eu chego lá... só não sei como. Aceitam-se sugestões.

Guest starring #2

Eu e a o_bicho_furioso, we go way back. Desde 95, 1º ano de Belas-artes, que o mundo não é o mesmo, isto já lá vão 11 anos - credo, estou a ficar velha, parece que foi ontem... Dos muitos e muitos filmes que já passámos juntas, lembro-me agora deste em particular:

Praí 2:00, Bairro Alto, já depois de umas (que é como quem diz muitas) cervejas, resolvem C. e o_bicho_furioso entrar num bar só para aviar um shot. Entram, e imediatamente um grupo de gajos começa a gozar com a nossa suposta incapacidade para aguentar o dito shot:

Gajo: Elá, olhás miúdas... Shots, querem shots... Nem sabem beber, agora querem shots! Blá blá blá blá blá, etc., etc.

Nisto, C. e o_bicho_furioso entreolham-se, não passando o mínimo cartão ao idiota da mesa do canto, limão na boca, e, em perfeita sincronia de movimentos, trau, shot pra dentro do bucho. Copo abaixo, saimos do bar, nem uma palavra. Mesmo à filme, foi o que foi.

Ok, também é verdade que isso é absolutamente a última coisa que me lembro dessa noite... E que no dia seguinte acordei a dormir numa casa que não a minha sem fazer ideia como lá tinha ido parar... Mas isso são pormenores.

Por isso preparem-se, este blog jamais será o mesmo.

Guest starring

...que surpresa!...sinto-me muito honrada...como não estava mesmo nada à espera, não trouxe um discurso preparado, mas gostaria de agradecer a algumas pessoas - e espero não me esquecer de ninguém: aos meus pais, obrigada pelo apoio, ao meu namorado, à minha professora primária, aos meus amigos, à vizinha do cão, à pastelaria do subúrbio, a todo o pessoal que trabalha comigo: o vosso esforço foi recompensado, à Jane Austen, aos meus amigos (vocês sabem quem são) e especialmente à C., sem a qual não estaria aqui.


Ah, claro, e um muito, muito obrigada aos meus fãs, adoro-vos a todos!

setembro 15, 2006

Lição de piano #1

A reter: "o importante é conhecer muito bem o instrumento".

setembro 14, 2006

I'm stuck.

Onde está o botão de play..?

setembro 13, 2006

Subzero

Ficava-me tão bem...


Mas tenho dois problemas: o primeiro é que teima em não me sair o Euromilhões; o segundo, insistir em ver religiosamente o Top Gear.

setembro 12, 2006

Boa viagem, minha Pindérica!

Não gosto de despedidas, por isso não te digo adeus, nem sequer até já. Tu sabes que estarei sempre contigo, dê lá por onde der... não vamos perder tempo com palavras sem sentido. Já to tinha dito antes, e digo mais uma: afortunados são os que te cruzam o caminho, porque têm mais sorte do que possam imaginar. Ao embarcares num capítulo diferente da tua vida, sabe que me enches de orgulho, e que o bocadinho de mim que levas contigo se sente simplesmente feliz. Tu cativaste-me, minha raposa, agora vais ter de viver com isso.

Dito isto, Sexta-feira lá estarei. Aeroporto de Lisboa, rimmel à prova-de-água, e uns 3 pacotes de lenços de papel.

setembro 11, 2006

Detesto, detesto, detesto

Pessoas que falam baixinho. Não me inspiram a mínima confiança, não sei porquê. Se será do meu costado e meia família espanhola, se é porque me forçam a pedir uma e outra vez que repitam a mesma coisa, tendo eu que arranjar umas dez maneiras diferentes de fazer o pedido, não vá passar por malcriadona insensível só porque as criaturas coitadinhas têm o botão de volume avariado... Mas a verdade é que não suporto. Há um exemplar dessa espécie aqui na empresa. Invariavelmente a conversa começa assim:

Ele: Olá C. Agora vou dizer uma data de coisas num tom inaudível só para te moer o juízo, que tal?
C.: Desculpa, não te importas de repetir? Não te ouvi...
Ele: Pois, não ouviste porque eu falo para dentro... Mas gosto tanto que vou continuar.
C: Desculpa, mas ainda não consegui perceber...
Ele: Não percebo porquê. Sussurro com uma dicção pefeita.
C. [perdendo a paciência]: Projecta, homem! Projecta!!

Irrita-me. Muito. MESMO.

setembro 09, 2006

Desgostos de amor

Quem os não tem? Bonito, bonito é tranformar a dor em arte, que foi o que fez a MC Ana Pita de Quarteira. Deu nisto:




setembro 07, 2006

Chamem-me Dory.

Gostava de compreender as particularidades do cérebro humano que fazem com que eu seja capaz de me lembrar de páginas e páginas de livros, letras de milhares de canções, toneladas de factos que só me ajudam na vida quando jogo Trivial Pursuit, conversas inteirinhas passadas há anos com pessoas que não vejo há séculos, e ao mesmo tempo não seja capaz de reter a informação útil do dia-a-dia, como por exemplo onde raio estacionei o carro, pagar a conta da TvCabo porque os inúteis se recusam a inserir a minha autorização de débito em conta no sistema, comprar manteiga no supermercado quando a do frigorífico já acabou, ou, ou... PORRA que até me esqueço das milhentas coisinhas das quais me esqueço diariamente. Francamente. Haverá explicação?

setembro 06, 2006

msn #1

A propósito de uma conversa uma meia-hora antes (mas ele pelos vistos não sabia)...

C. says:
olha lá estas:
http://www.ngslurbe.com/html/publicapo/detalleproducto.asp?id=214&ids=5

C. says:
são giras. se são boas, nem faço ideia...
M. says:
fdx!!! eu a pensar q eram gajas!
C. says:
lololololololol

setembro 04, 2006

Grito do Verão 2006

Gilãozão: subs., masc. Bebida vendida nos bares da Ilha de Tavira, semelhante à sangria embora sem frutas a flutuar, e com um forte travo a canela, servida em copos de plástico de meio litro com diversas palhinhas multicolores, a fim de poder ser partilhado. Como a sangria, o seu efeito é do tipo "dá-cá-mais-que-isto-é-docinho-e-até-nem-bate-nada-mas-espera-lá-
-que-agora-que-me-levanto-já-nem-vejo-nada-a-direito". Pode criar habituação. fig. Qualquer bebida alcóolica (geralmente em bebedeira já em estado avançado). Etim. Do rio Gilão, que desagua em Tavira - Gilão>gilãozão.





Com os meus agradecimento ao Sir Paul Richard.

setembro 03, 2006

*** Aviso à Navegação ***

Armei-me em esperta (what else is new..?) e passei para o blogger beta, pensando que ía ser o máximo, muito melhor, mais fácil, agora é que o blog vai ficar lindo e tal, mas na verdade isto por enquanto é basicamente a mesma coisa, com uns leves melhoramentos, e muitos mas muuuuuuitos bugs.

Quer isto dizer que quem não tiver ainda passado para o beta - ó como vos invejo, seres iluminados - não vai conseguir comentar aqui com a conta normal do blogger, ainda que possam usar o campo "other" para ir dando notícias. Da mesma forma, eu neste momento não posso comentar em nenhum blog-não-beta com a minha conta. Como tal, a C. a preto e sem rabo-de-koi-laranja sou eu à mesma, só que bugged (pun intended. Continuo esperta, como podem ver. Mas agora também sou beta. Quem diria...).

setembro 01, 2006

Citação #2



But she knows she has a curse on her,
a curse she cannot win.
For if someone gets too close to her,


the pins stick farther in.





Burton, Tim, "Voodoo Girl", in The Melancholy Death of Oyster Boy and Other Stories, Faber and Faber, London, 1997

O Labaredas

O Senhor S. é um dos meus chefes. Tem 66 anos (feitos um dia antes dos meus anos, nunca me hei-de esquecer de lhe dar os parabéns), e uma super-saudável dose de loucura. Com essa idade, é a pessoa mais extrovertida que eu conheço. Ainda é da geração dos que subiram a pulso, não tem curso superior nem nada que se pareça, começou mesmo por baixo e chegou a director. Neste momento não se consegue reformar porque a empresa precisa genuinamente dele. A alcunha do Senhor S., que vem desde os tempos de chefias menores, noutro departamento, é o Labaredas - só para dar uma ideia melhor do personagem.

Agorinha mesmo passou por mim, como quem fala consigo próprio mas na verdade a falar para mim, dizendo:

Senhor S.:É um facto, cada vez gosto mais de mim mesmo... Por este andar, nem eu sei onde é que isto vai parar!
C.: Ahahahahahahahah!

Obrigada, Senhor S., pela boa-disposição, tão rara nesta empresa. Granda maluco...