janeiro 22, 2007

A discussão do século (passado)

Eu sempre fui uma pessoa de convicções fortes e mal ou bem não consigo entender os ditos católicos não-praticantes. Lamento, mas do meu ponto de vista ou se é, ou não se é, e se se é os deveres daí resultantes têm que ser cumpridos.

(Já agora, aproveito para avisar que fui católica desde os seis anos, com fortes convicções, praticante e com alguma curiosidade por assuntos bíblicos e de fé, o que como é óbvio não deu bom resultado, pois a partir de certa altura as contradições deram de si e consequentemente desde os onze anos que me converti à religião que pratico agora: o ateísmo).

Mas como é óbvio, há limites para tudo, e a fé não deve ser levada a extremos de estupidez, o que infelizmente acontece vezes demais. E a história que vou contar a seguir relata isso mesmo.

Há muitos e muitos anos atrás, quando eu ainda não passava de uma adolescente revoltada mas apesar de muto, muito parva ainda com algumas réstias de inteligência fui parar a uma turma onde por coincidência também foram parar outras duas pessoas muito envolvidas na religião católica.

Tão, tão envolvidas que para vos dar um exemplo durante uma visita de estudo a Lisboa não queriam ir a nenhuma discoteca porque estavam no período de Quaresma. Até aqui tudo bem, convicções são convicções.

Mas depois de terem estragado a toda a turma mais do que uma aula de Filosofia quando o professor teve a infeliz ideia de nos mostrar na aula o filme d'O Nome da Rosa com uma série de debates infelizes sobre a fé e que o filme era imoral porque dava um mau nome à Igreja - e por mais que o professor tivesse tentado explicar que na verdade durante a Idade Média era isto que acontecia e que a fé era a fé e a filosofia era a filosofia e que elas tinham era mais do que separar estas duas coisas e onde até se chegou a argumentar que a Inquisição não tinha existido (e olhem que isto foi dito entre os protestos vigorosos de 29 pessoas: a turma toda mais o professor) eis que um dia estou eu mais as minhas amiguinhas e as duas beatas num sítio qualquer todas ao mesmo tempo e vá-se lá saber porquê a conversa foi dar ao mesmo de sempre.

Particularizando, fomos dar com a conversa ao tema sempre polémico do casamento. Acho que já é sobejamente conhecida a minha posição sobre o assunto, quem quer casar que case eu é que não me parece muito obrigada, mas como é óbvio quem casa e se arrepende pelo caminho que se divorcie, por quem sois. Mas como todos nós sabemos o divórcio não é apoiado pela Igreja Católica e por consequência também não era apoiada pelas duas beatas.

Portanto, os argumentos válidos de "mas as pessoas têm que ver se são compatíveis sexualmente antes de tomarem um passo desses" tinham sempre uma resposta de "Sexo antes de casamento? Nunca! Que horror!" e por aí em diante, tudo sempre cheio de explicações cheios de conteúdo teológico e desprovidos de sentido prático.

A coisa foi subindo de tom, "o casamento é sagrado", "mas porquê?", e foi subindo de tom, "mas se duas pessoas se dão mal porque é que têm de estar juntas?", porque "se Deus uniu só Deus é que separa", "mas que raio de lógica tem isso? Deus quer que eu esteja infeliz?" e até que uma delas, já farta da conversa e extremamente exaltada, se lembra de dizer o seguinte (juro-vos, até vai ter direito a parágrafo!):

"Olhem, para vos dar um exemplo, o meu pai bate na minha mãe mas não faz mal porque eles são casados!"

De facto, a discussão acabou por aqui. Eu e as minhas amigas olhámos umas para as outras, despedimo-nos delas e fomos embora dali e nunca mais tocámos no assunto. Elas devem ter ficado todas contentes, embrenhadas na sua "vitória". Nós decidimos que contra aquele tipo de ignorância não valia a pena preocuparmo-nos: cada um tem o Deus (e a vida) que merece.

10 comentários:

nunorod disse...

Já agora... o que é que se passava na Idade Média?

laurinda disse...

apoiado ao facto de ter direito a 1 paragrafo..pq foi .. foi...sentido!!n ha palavras p mais!!

o bicho furioso disse...

Ora, aquela cena dos monges serem os donos do saber, de terem queimado livros que contradiziam as Escrituras, a Inquisição e essas coisas bonitas que nos atrasaram ´séculos e séculos....

Camélia disse...

Ora deixa-me adivinhar o futuro dessas meninas, i.e, a actual vidinha das mesmas:

- Ou casaram porque engravidaram, ou mantiveram sexo anal/oral até ao casamento. E devem ter casado pouco tempo depois desse "debate" com vocês. Os tipos com quem casaram devem ser uns moinas que ficam na tasca até às tantas, ou então uns palhunços de risco ao meio que só se revelam em casa através da mais reles violência doméstica. Devem estar gordas, com uns rabos bem grandes e braços roliços de tanto lavar louça...

...sim, eu conheço casos destes...sim...

C. disse...

Medo... ME-DO! O pior, mas o pior mesmo é que para além da Camélia ter razão no que diz respeito a esses casos de "trazer por casa", eu vejo todos o santo dia um exemplo do tipo....... no big boss cá do sítio. Tem curso superior, ganha muitíssimo bem, é de "boas famílias", com filhos, mulher... e amante. Da qual toda a gente sabe. Incluindo a esposa. E não se divorcia porque tanto a mulher como ambas as famílias - dele e dela - acreditam que o divórcio é imoral. Então continua a enrolar-se com a outra no local de trabalho e por onde der, a dar azo a cenas de faca e alguidar presenciadas por empregados e pelos próprios filhos. Mas deve ser isso. Não faz mal porque é casado... Pois.

sarrafo disse...

C... Não sabia que trabalhavas para mim... não contes nada a ninguém! Eu aumento-te e promovo-te!

C. disse...

Sarrafo, já não é questão de contar ou deixar de contar, porque a verdade é que toda a gente sabe. Já não há aumento que o valha...

Camélia disse...

É tão bonito quando se envolvem com a colega do trabalho e favorecem-na até mais não enquanto os outros bulem que nem camelos. O que eu gosto do nosso Portugal e de todos estes mentecaptos que pululam como baratas escaravelhosas! Andam a bater com a mão no peito e a apregoar aos santos e são eles quem fazem com que as palavras degredo, decadência e cinismo continuem a aparecer nos dicionários. Porra, já tou como o amigo Marsas: MORRAM TODOS CABRÕES!!!

C. disse...

É mesmo. MORRAM, CABRÕES!!!! E depressinha, sáxafor...

o bicho furioso disse...

Ora bem, no meu local de trabalho é tudo bem mais colorido....

...há um chefe que dorme com um empregado, mas como esse empregado dorme com outro empregado o outro chefe quer fazer a vida negra ao outro empregado....

...depois há outro chefe que dormiu com outro chefe durante quatro anos, mas depois um chefe foi superpromovido e depois acabaram e agora o outro chefe está feito ao bife porque foi parar a outro sítio e agora não sai de lá...

...and so on, so on...

...mas ao menos como são gays, não apregoam moralidade nenhuma...apregoam putedo, é o que é...