Os anos vão passando, as experiências vão-se acumulando, e algumas parecem ecoar outras já passadas. Mas quando é que podemos realmente dizer que aprendemos a lição e não voltamos a tomar o caminho errado? E, muito mais preocupante ainda, quando é que um dejá-vú é mesmo um dejá-vú, uma situação pela qual já passámos, com a qual deveriamos agora ser mais capazes de lidar? Quando é que não está tudo na nossa cabeça, uma espécie de síndrome "gato escaldado"?
Chegámos, ia por o saco em cima da mesa - mas não, foi isso que fiz da outra vez, noutro sítio, com outra pessoa. Poisei o saco no chão, ao lado da mesa - como se isso fosse fazer alguma diferença. Já estava lá.
As situações repetem-se, talvez só aparentemente, talvez não, mas a verdade é que não vamos nunca aprender a descortinar as intenções do outro. Podemos, isso sim, aprender a conhecer-nos, a aceitar as nossas próprias falhas e saber onde estão os nossos limites. Eu peco sempre por achar que posso fazer as coisas de maneira diferente. Ao tentar impor-me um limite que não é nem nunca há-de ser o meu, falho. Este gato escaldado vê a água a fumegar, mas gosta de acreditar sempre que se soprar um bocado antes de se mandar lá para dentro vai correr tudo bem.