Quando me prometem coca-cola com zero calorias, mantendo o sabor original, o primeiro pensamento que me ocorre é que me parece que ele há coisas boas demais para ser verdade. A publicidade é boa, muito boa mesmo. Enquanto que a coca-cola light - yuck! - sempre teve como target as meninas, esta Zero, num preto e vermelho minimalistas muito cool, é pró menino. E os meninos, a publicidade quer-nos fazer acreditar, são clientes mais difíceis. É mais complicado convencê-los, o velho "bebe lá isto que ao menos não ficas gordo que nem um texugo ficas lindo e maravilhoso" não funciona com eles, precisam de mais e melhores estímulos. O mundo da públicidade ao que parece opera ao contrário do mundo dos relacionamentos - elas são básicas e fáceis, enquanto que eles são complicados e difíceis. Mas adiante. A publicidade é boa, ao mais alto nível coca-cola, que a bem da verdade já andava a descambar há uns tempos (podem vê-la aqui, aqui e aqui, por exemplo). Eu vi a publicidade muito antes de provar a Zero pela primeira vez, no fim-de-semana passado. Uma amiga já me tinha avisado que era publicidade enganosa, que, dizia ela, a Zero sabe é a Pepsi. Essa tinha piada, pensei eu, tantos anos de anúncios Coca-cola vs. Pepsi e agora que vai de lá lançam um produto sob o mote isto-sabe-mesmo-igual-ao-original, pimbas, sabe a Pepsi.
Não, a Zero não sabe a Pepsi. Mas saberá então a coca-cola original? Pois... não. Certo, não é tão horrível quanto a Light, e o "sabor base" até está lá. Mas é uma versão mais aguada do original, com o inequívoco sabor enjoativo e agudo do adoçante como nota de fundo. É bebível, completamente, e se nos sentirmos melhor a ingerir um monte de químicos em vez de um monte de açucar - que é o meu caso muitas vezes - a Zero serve.
No entanto a realidade da coisa confirma-se, e é como tudo na vida: não há como o original, por mais que se queira arranjar atalhos fáceis.