abril 21, 2009

Do outro lado da barricada

Apesar de passar noventa por cento da minha vida a atender pessoas lá na loja do inferno, de vez em quando também sou atendida. Ou seja, de vez em quando também tenho histórias para contar do ponto de vista de uma pessoa comum e normal. Como por exemplo esta que se segue, num restaurante de fast food qualquer de um centro comercial enquanto tento jantar com o A.:

São treze euros, por favor, diz-nos o assistente de loja.
Tome, tem aqui uma nota de vinte euros e mais três euros, para facilitar, diz o A., cheio de boa fé.
O assistente olha para o dinheiro, olha para a caixa, olha para o dinheiro, olha para a caixa...Os senhores deram-me dinheiro a mais, diz-nos.
Basta dar-me uma nota de dez euros, diz o A., continuando cheio de boa-fé.
O assistente olha para o dinheiro, olha para a caixa, olha para o dinheiro, põe a nota na caixa, deixa as moedas de fora, diz não tenho moedas, e prepara-se para abandonar a caixa em busca do troco.
Mas não tem uma nota de dez euros, pergunto eu, que de boa-fé não tenho nem um pingo.
Tenho, mas os senhores deram vinte euros e treze cêntimos, e eu não tenho troco, diz-nos o assistente.
Como?, respondemos nós.
Sim, vinte euros e treze cêntimos, diz-nos ele novamente a apontar para a máquina, vocês deram-me vinte euros e treze cêntimos e está aqui escrito.
Eu por momentos achei que ele tivesse inventado uma nova maneira de contar (à francesa, sabe-se lá), e o André resolveu dizer que não, nós demos-lhe vinte e três euros.
Não, deram-me vinte euros e treze cêntimos, insiste ele.
E eis que eu perdi por completo a paciência, tirei uma moeda de cinquenta cêntimos do montinho que perfazia três euros e perguntei, desculpe lá, mas se só esta moeda vale cinquenta e ainda tem aí mais umas quantas como é que podem estar aqui treze cêntimos?
Pois, não sei, mas foi o que os senhores me deram, foi o que ele resolveu dizer.
Como eu não estava a acreditar no que estava a acontecer resolvi virar-me para o colega dele e dizer-lhe por amor da santa ajude-me e explique-lhe porque eu já não aguento.

Acho que eventualmente o outro conseguiu explicar-lhe o que é que se passava, eu é que não sei como porque entretanto não me consegui conter mais e desatei a rir mesmo na frente dele, e eu sei que fui mal-educada e que a minha refeição vinha toda cuspidinha, mas foi mesmo mais forte do que eu.

fevereiro 26, 2009

D. dixit #1

Chego à conclusão que tenho que arranjar um moleskine ou um caderninho assim igualmente fashion para começar a anotar o rascunho daquele que será inevitavelmente um best seller na altura em que eu o escolha publicar. O título será qualquer coisa como:

Coisas que o D. diz
que eu sei que me virão a dar jeito um destes dias

Virá a ser uma colecção de one liners do tipo:

D. [ao aperceber-se da sua gigante calinada ao tentar encontrar os pontos cardinais a partir do meu terraço, guiando-se pela suposta e sempre tão ilusória estrela polar]: O que acontece é que a tua casa está num vórtice que provoca uma alteração no contínuo espacial.

ou

D. [ao ver os 30 euros na minha mesinha-de-cabeceira]: Não percebo qual é a tua de deixares aqui massa. Claramente eu não vou aceitar.



Eu sei que isto um dia me vai deixar rica.

fevereiro 10, 2009

A outra....

...já percebeu que o tasco está reaberto!

fevereiro 09, 2009

Detesto, detesto, detesto

...quando me dizem "desculpe lá" quando na verdade deveriam dizer "se faz favor", "se não se importa" ou "com licença". As criaturas do "desculpe lá" atiram invariavelmente a frase com um ar de superioridade forçada que não convence ninguém e que, caso ainda não tenham percebido, me irrita profundamente. Não, não desculpo aqui, não.

fevereiro 08, 2009

Carrie Bradshaw knows good sex*

Volta e meia, gosto de rever "O Sexo e a Cidade". Ah, o conforto daquelas personagens conhecidas, tão perfeitamente delineadas, que afinal representam facetas de todas (/os?) nós. Desde que a série começou, lá para o fim dos 90's, que eu me identifiquei com um mix de cerca de 45% Carrie, 40% Miranda, 14% Samantha e 1% Charlotte. Já me têm ouvido dizer que se cheguei assim aos 30, parece-me difícil que mude tão cedo. Agora, eu não via a primeira série há uns anos, e se é verdade que me continuo a identificar com as personagens largamente na mesma medida, fiquei verdadeiramente pasmada quando os paralelismos entre situações vividas começaram a tornar-se evidentes, o que dantes não acontecia. Aquilo eram enredos de ficção, ou coisas que só acontecem em Nova Iorque. Mas não é que 10 anos depois, acontece tudo muito da mesma maneira em Lisboa? Claro que não é exactamente da mesma maneira - em Lisboa não há tantos modelos, nem tantos sapatos de 500 dólares e muito menos ruas nas quais seja possível andar com eles, nem tantos bares e restaurantes onde encontramos toda a gente completamente por acaso, e por cá (pela real life, that is) há mais fineza na escala de cinzentos e não há tamanha obcessão pelo casamento, valha-nos Santo António, mas a ficção tem destas coisas.

O que é ainda mais interessante é que o que penso acerca dessas mesmas situações mudou - e, em alguns casos, radicalmente. Gostamos de pensar que as pessoas não mudam, mas a verdade é que mudamos e nem sempre pelas melhores razões, nem sempre porque queremos, às vezes porque o que nos rodeia muda e não temos outra escolha que não adaptar-nos; às vezes, raramente mas finalmente, mudamos porque compreendemos que assim não chegamos a lado nenhum.



*(and isn't afraid to ask)

fevereiro 06, 2009

*teste*teste*um*dois*sssssom*sssssom*teste*

Conforme devem ter reparado*, ando a reformar aqui o tasco para melhor acolher o meu regresso à blogosfera. Afinal, um regresso destes não exige menos. E não, ainda não acabei.


*Agora a outra vai demorar quinhentos mil anos a perceber que esta coisa voltou a ter pulso, aposto.

dezembro 19, 2007

SMS #4

"AMIGA OBRIGADA PELA MENSAGEM. A SUA CAMA OCUPADA COM MÉDICA 90 ANOS FRACTUROU UMA PERNA BEIJOS CELESTE"


Esta vai ser difícil de superar... vai, vai.